Abuso psicológico: suas formas e como identificá-las

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Abuso psicológico: suas formas e como identificá-las

O abuso psicológico acontece de modo sutil, passando despercebido por quem o sofre. Como quem costuma praticar essa forma de abuso é alguém de confiança, como um cônjuge ou amigo, a vítima desenvolve uma série de sentimentos mistos em relação ao tratamento abusivo.

Quem não está envolvido na situação não compreende a magnitude dos abusos sofridos. Isto é, não enxergam os danos da mesma forma que enxergariam as consequências de agressões físicas.

No entanto, o abuso do psicológico também é uma forma de violência. Ele prejudica a saúde mental e, eventualmente, a física das vítimas.

Com o passar do tempo, os abusos estimulam o surgimento de comportamentos retraídos, baixa autoestima e problemas psicológicos, como depressão e ansiedade.

O que é abuso psicológico?

O abuso psicológico acontece por meio de manipulações pequenas e corriqueiras. São comportamentos inofensivos a princípio. Eles deixam as vítimas levemente desconfiadas, mas esse sentimento logo passa.

O abusador sabe quando manipular e quando agir como o parceiro/amigo/familiar/colega de trabalho ideal. Assim, as vítimas não levem as suas suspeitas a sério. Eventualmente os abusos enfraquecem a percepção delas, permitindo que aconteçam com mais frequência.

Não raro o abusador acaba com a autoconfiança da vítima. Ela deixa de seguir a sua intuição e, mesmo quando algo estranho acontece, prefere acreditar nas mentiras do outro. Essa é uma das táticas de abuso psicológico usadas para manter a pessoa fragilizada por perto.

Qualquer indivíduo pode praticar essa forma de abuso. No trabalho, por exemplo, um chefe pode abusar psicologicamente de seus funcionários. É mais comum, contudo, que uma pessoa próxima da vítima seja a responsável por ele.

Essa característica complica a situação. A pessoa atacada psicologicamente sabe que algo não está certo na sua relação com o abusador, mas, por ter sentimentos bons em relação a ele, fica paralisada, sem saber como agir.

Quais as formas de abuso psicológico?

Existem várias formas de abuso psicológico, as quais podem ser identificadas através da atenção redobrada ao comportamento do abusador. Os sentimentos deixados na vítima também são indicativos importantes.

Se um relacionamento causa uma quantidade elevada de emoções e pensamentos perturbadores, é bem provável que exista algo errado com ele.

Os relacionamentos afetivos devem despertar emoções boas e vontade de ficar próximo. Quando essa não é a realidade, significa que é preciso repensar a relação e o seu futuro.

Para saber identificar comportamentos abusivos, separamos sete formas de abuso do psicológico abaixo.

1.     Humilhações públicas e privadas

As humilhações são sutis. Elas se manifestam na forma de comentários desagradáveis e de indiretas. “Você é sensível demais”, “Você não é muito inteligente” e “Você não sabe fazer X direito, né?” são exemplos.

À medida que a vítima se acostuma com eles, as humilhações perdem a discrição. O abusador critica a inteligência, a postura profissional, a aparência, a personalidade, entre outras características, diretamente. Ele faz isso tanto em momentos privados quanto em ocasiões sociais com amigos e familiares.

Quando questionado sobre sua conduta, o abusador desconversa e inventa desculpas que visam voltar à situação contra a vítima. Dessa forma, ela começa a pensar “Será que eu sou mesmo desse jeito?” e acreditar nas críticas do outro.

2.     Contestação e negação da verdade

Existe uma forma muito comentada de abuso psicológico chamada “Gaslighting”. Ela consiste na negação da verdade para confundir as vítimas e fazê-las duvidarem de suas percepções.

O abusador pode: modificar uma história verdadeira por uma versão ilusória, insistir que a vítima está enganada, dizer que outras pessoas perceberam o mesmo que ele e acusar a pessoa de estar inventando coisas. O Gaslighting também é comumente utilizado para encobrir uma traição.

Essa forma de abuso possui um efeito semelhante aos ataques à autoestima. A pessoa fragilizada começa a questionar a si mesma, chegando à conclusão de que está equivocada. Logo, a palavra do abusador se torna lei.

3.     Descaso com os sentimentos

Infeliz, a vítima tenta expressar como se sente, mas é ignorada pelo abusador. Ele até pode fingir ouvi-la e compreendê-la em um primeiro momento para depois retomar a conduta habitual.

O indivíduo abusivo também pode tentar convencer a vítima de que está infeliz por outras razões, como o seu trabalho, a sua falta de confiança em si mesma ou o seu relacionamento com a família.

Esse comportamento deve ser questionado de imediato. Se alguém querido lhe tratou mal, tentou fingir que nada aconteceu e, ainda, agiu com descaso com seus sentimentos, significa que ele não se importa de verdade com você.

4.     Mentiras e omissões

O abusador psicológico mente e omite informações sem remorso. Ele faz de tudo para manter uma imagem de parceiro ideal, embora a realidade deixe claro que não é. A vítima, normalmente apaixonada, acredita nas mentiras e segue no relacionamento.

A pessoa que sofre o abuso também pode começar a mentir para evitar reações exasperadas e conflitos, além de ter a sua palavra contradita. Em alguns casos, as vítimas percebem que a verdade é sempre contestada pelo outro, então, passam a mentir para evitar essa situação.

Mentiras não combinam com relacionamentos saudáveis. Quando ela é percebida, o cônjuge deve ser devidamente questionado.

5.     Desejo por controle

O abuso psicológico também é caracterizado pela necessidade de controlar o outro. A liberdade, os relacionamentos, o trabalho, o tempo e até a personalidade da pessoa sofrem restrições. Quando desobedece as condições do parceiro, a vítima recebe retaliações, como xingamentos e humilhações.

Para poder controlá-la, quem abusa psicologicamente faz a vítima acreditar que ela não é boa o bastante e precisa de ajuda para resolver até os menores dos impasses. Deste modo, consegue fazê-la aceitar o controle.

6.     Comportamentos drasticamente diferentes

A pessoa que abusa psicologicamente diz uma coisa, mas age de maneira contrária. Ela demonstra ser carinhosa e preocupada, uma verdadeira amiga para todas as horas. Porém, quando se mais precisa dela, ela some.

Dentro dos relacionamentos afetivos, o cônjuge abusivo segue um padrão composto por condutas manipuladoras e momentos de afeição. Ele pede desculpas por meio de gestos de amor na tentativa de reconquistar o parceiro e, assim, dar início ao ciclo de abusos outra vez.

As oscilações drásticas de comportamento costumam ser notadas pelas vítimas, que questionam a índole do indivíduo. Mas, por conta das manipulações, acabam acreditando em suas desculpas. 

7.     Manipulação de vínculos

Os relacionamentos interpessoais da vítima são igualmente manipulados. O abusador pode tentar fazê-la se afastar dos amigos e dos familiares, implantando histórias que afetam a imagem deles, ou pode inventar boatos sobre a vítima para fazer os outros se afastarem dela.

Essa é uma forma de manipulação bastante comum que objetiva deixar a pessoa ainda mais fragilizada e solitária.

O que fazer se eu sofrer abuso psicológico?

Primeiro, é preciso compreender a dinâmica dos bons relacionamentos. Quem ama de verdade não machuca nem maltrata. As relações afetivas são construídas na base do respeito, do companheirismo e do amor. Em outras palavras, não há espaço para mentiras e manipulações.

Quando um relacionamento que deveria ser bom se torna ruim por conta de comportamentos inadequados do cônjuge, eles devem ser questionados. Se a quantidade de sentimentos ruins se sobrepõe aos bons, o casal deve dialogar sobre a qualidade da sua relação.

O mesmo é válido para outros vínculos, como entre pais e filhos, funcionários e supervisores, e amigos.

Sendo assim, qualquer tratamento visando o seu mal-estar deve ser questionado ou confrontado adequadamente. Isso pode ser feito através da imposição de limites. Essa atitude é importante mesmo para quem nunca encontrou uma pessoa abusiva.

Quando você possui consciência do que lhe faz mal, não se deixa levar por manipulações emocionais e psicológicas. O autoconhecimento fortalece a autonomia, por isso, quem se conhece a um nível profundo se afasta de pessoas e situações ruins. Em outras palavras, estabelece limites visando o seu bem-estar.

Não é fácil deixar uma relação abusiva

Quando se trata de relacionamentos amorosos, a reação a esta (e outras) forma de abuso é complexa. Algumas pessoas criam justificativas para o comportamento abusivo, chegando a pedir desculpas para o abusador. Elas se sentem infelizes, mas não sabem explicar o porquê.

Geralmente, essas pessoas sofrem de autoestima baixa ou tiveram a sua autoestima tão reduzida que acreditam cegamente no abusador.

Para combater a vontade de justificar as manipulações, a pessoa que sofre abusos psicológicos (ou outras formas) precisa pensar racionalmente e recorrer à ajuda de entes queridos e de profissionais. A psicoterapia, por exemplo, pode ajudar quem sofre ou sofreu com um relacionamento abusivo a se reerguer.

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