Sexo na terceira idade ainda pode ser um tabu para muitos, mas não há dúvidas quanto aos benefícios. A vida sexual ativa nessa faixa etária aumenta a sensação de bem-estar, melhora a qualidade do sono, estimula a atividade cerebral e melhora a autoestima. “Os benefícios vão da esfera orgânica à social”, ressalta o médico geriatra Eduardo Garcia, que também alerta para alguns cuidados.
Segundo o especialista, medicamentos contra impotência sexual devem ser usados com orientação médica, pois existem riscos se a pessoa for portadora de doenças cardiovasculares. Garcia também recomenda que os idosos busquem orientação de ginecologista, urologista ou geriatra para que a atividade sexual não prejudique a saúde e seja feita de forma segura. “O sexo é uma importante parte das nossas funções e, na medida do possível, deve ser mantido”, ressalta.
Vera já trabalhou em uma sex shop
Vera dos Santos, 64 anos, se separou do marido há 30 anos e conta que após o fim do relacionamento namorou bastante. Atualmente,frequenta os bailes promovidos pela associação da qual faz parte. Para ela, não há nenhum problema em falar sobre sexo. “Nós viemos de uma geração em que tudo era feio e eu converso muito com o pessoal da terceira idade sobre isso. Não tenha vergonha de ser feliz. Se sexo fosse ruim ninguém fazia”, ressalta.
A aposentada já fez freelancer em uma sex shop de um shopping de Porto Alegre. Na ocasião, Vera vestiu um avental com o tema e ficou do lado de fora do estabelecimento convidando o público a conferir os produtos vendidos. “Isso surpreendeu muita gente, inclusive jovens”, conta. Ela já levou para a loja idosas que nunca haviam ido em uma loja semelhante anteriormente. “Elas não entravam por vergonha, mas agora viram que não tem mistério”.
Como em qualquer idade, é importante que os idosos tenham cuidado com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis. “Nos últimos anos houve um aumento no número dessas doenças na terceira idade”, alerta o especialista. Garcia explica que uso de preservativos não deve ser esquecido, pois mesmo que a mulher não esteja mais em idade reprodutiva, ainda existe o risco de contrair doenças graves, como AIDS e hepatite.
Jair já conheceu muitas mulheres nos bailes
Vera admite ter bastante preocupação quanto a isso. “Se o parceiro não quer usar camisinha, o melhor é mandá-lo embora”, recomenda. Jair Gonçalves da Rosa, 68 anos, também se preocupa com a sua saúde. “Sempre me preveni, sempre usei preservativo”, enfatiza. Divorciado há 30 anos, já conheceu muitas mulheres nos bailes da terceira idade.
Jair conta que na década de 1960 falar sobre camisinha era um “sacrilégio” e, atualmente, percebe que isso ainda ocorre entre os mais velhos. “O descuido é tanto feminino, quanto masculino. De cada 100 pessoas, em média 15 se preocupam com sexo seguro”, destaca.
Gilberto e sua esposa
Para Gilberto Nazário, 63 anos, casado há 41, existe um conhecimento maior sobre o sexo na terceira idade. “Hoje em dia está um pouco mais evoluído. Estamos mais à vontade em relação ao sexo, claro que muito mais comedido, as relações são mais espaceadas, mas de forma calma, tranquila e livre”, conta. O médico geriatra ressalta que o assunto não deveria ser tabu. “Sexo acontece em qualquer faixa etária”.
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